“EU NÃO EXISTO SENÃO POR VOCÊ...”

Gostei dos comerciais que estão sendo veiculados na televisão. Não me refiro ao "Ô lá em casa". Nem ao das sandálias havaianas numa roda de samba em meio à crise. Tampouco ao da batavo. Mas, àquele com o qual convivemos diariamente e ainda assim nem percebemos. Aliás, o comercial menciona isso: se tornamos tão individualistas que não nos damos conta do ambiente ao redor, as crianças que dormem a luz da lua, a mercê dos acontecimentos, no limite da marginalidade, promovido por uma ganância meticulosa e impiedosa. "Faz frio em São Paulo", hoje estamos em 16°C.

Mas quem é que está se importando se na esquina tem um moleque tremendo? De
frio. De medo. De droga. De fome. De tudo. O frio incomoda; o medo dá coragem; a
droga devolve o calor e alimenta a alienação; a fome fornece a raiva e o tudo
aumenta o nada. O que esperar?

Está ali, sob um banco, uma árvore ou em cima da calçada, coberto pelo jornal recolhido durante o dia, um ser humano invisível para a maioria, que 'clama por amor, justiça e respeito'. "Meu pais é uma zona, não tem dono, não tem dona, nosso povo ta em coma [...]". Coma? Isso é o inferno, pós-suicídio. Eu me importo, por isso ai na estou acordada. Tava pensando neles, e fiquei sem sono. Mas o que fazer? Meu alivio é o blog. Ainda que simples, compartilhar alguma coisa (mesmo que injustiças), me conforta, pois estou tornando comum um grito silenciado pela situação. Vivemos na teoria do 'umbiguismo', do individual, do cada um por si. Mas esquecemos que somos um todo, que dependemos de tudo e que sem ajuda não somos nada. "Você despreza esse moleque e amanhã ele faz um rap, como eu fiz, como eu quis, pra tentar ser feliz. Cantei pra não matar, escrevi pra não chorar, catei papelão pra viver[...]desprezo não é o caminho a seguir. Crianças nascem e perdem as asas, andam descalças, pisam em espinhos. E você ignora uma moleque de rua te pedindo pão, então você chora na mão de um pivete que embaça na sua e te enquadra do nada com um ferro na mão. Escute, dê atenção ou vaza: anjos crescem e perdem as asas, na revolta invadem as casas, naquele mesmo portão onde um dia batia palmas, se a vida é um carma, talvez um dia ele volte, com uma Bíblia ou uma arma" (trecho da música 'asas', do grupo de rap, Expressão Ativa). Se bem que o papelão quem paga somos nós: ignoramos o óbvio e aceitamos o questionável. O óbvio é o que na verdade fingimos desconhecer. E o questionável é o que de mentira forçamos em desconhecer. "[...] crianças na rua, sem educação, sem alimento, sem atenção dos pais dentro de casa, apanhando, catando papelão, tentando sobreviver... E quem adota é o crime, o tráfico, as drogas [...]" (idem). Filosofia de bar? Argumento não muito sólidos. Talvez... Sei lá, mas o problema é real. Lembro-me de uma paródia que certa vez eu fiz com aquela música da Adriana Calcanhoto, "Fico assim sem você". Na 'minha versão' tem a voz do povo pedindo e depois a voz do político agradecendo a insensatez do primeiro. Talvez seja por isso que estamos assim: o povo critica os políticos, mas esquecem que eles quem os escolhe. Um jogando a culpa pro outro, no estilo 'batata-quente' para ver com quem queima, tipo aquele lace 'meu mundo você é quem faz'. É claro que eu vou postar a paródia. Ta ai embaixo vê ai. Certa vez ouvi: "Prioridade absoluta", de quem? Pra quem? Pense nisso. Mas pensa e aja. Não adianta pensar e sedentarizar. Movimento! vamoquevamo, causando e andando, se for preciso incomodando e alertando os falsos cego-surdo-mudo.Porque, não esqueça, tem gente lá fora.

(clique na imagem para aumentá-la)

Até um dia. Ou uma noite! Fui (dormir...)

0 Algo a dizer?: